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Promovendo a Aprendizagem para Autistas

PROMOVENDO A APRENDIZAGEM PARA AUTISTAS


Pessoas com autismo são pensadores visuais. Seus pensamentos são concretos, transformando as imagens em objetos mentais. Em conseqüência dessa forma peculiar de ser, possuem dificuldades em:
- Seguir ordens complexas com mais de uma instrução;  
- Imaginar conceitos abstratos como saudade, tristeza, preocupação, raiva, amor, etc; 
- Colocar-se no lugar do outro e entender sua intenção; 
- Compreender e usar metáforas, ironias e pronomes interrogativos . Exemplos: “olho maior que a barriga”, “esse menino é um touro”, “sem-teto”, “morrer de rir”, “o mar me convida para um mergulho”, "seu pai ficou preso no escritório",  "ele tem formiga no corpo", etc; 
- Aprender usando os meios usuais de ensino.

Em contrapartida possuem facilidade com: 
-  mesmice e rotinas; 
-  conteúdos que podem ser aprendidos visualmente; 
-  memorização.
Baseado nestas características o Modelo TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children (Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com Perturbações da Comunicação)  resultou da investigação desenvolvida com o objetivo primeiro de ensinar aos pais técnicas comportamentais e métodos de educação especial adequados às necessidades dos seus filhos com autismo. Devido ao sucesso do método ele foi também adaptado para as escolas. Foi desenvolvido por Eric Shopler e seus colaboradores na década de 70, na Carolina do Norte.

Características do TEACCH: 
•          Individualidade na programação do currículo, ou seja, cada criança terá sua adaptação própria de acordo com suas habilidades; 
•          Instrução visual; 
•          Rotina com flexibilidade; 
•          Sinalização do ambiente, desde o óbvio, como sinalização nas portas, torneiras, no piso, no guarda-roupa, até as sinalizações mais complexas como as rotinas diárias; 
•          Ordenação universal, ou seja, apresentar sempre as atividades e rotinas da esquerda para direita e de cima para baixo, nunca ao inverso; 
•          Clareza e objetividade nas ordens, dando ênfase aos verbos e uma instrução por vez; 
•          Organização das tarefas em sistemas de trabalho, ou seja, tarefas organizadas em uma seqüência padrão em cujo material se encontra todo o objetivo a ser trabalhado com começo, meio e fim.

Objetivos do TEACCH:
    Ensinar a relação entre causa e efeito 
    Incentivar a comunicação 
    Ensinar habilidades para a vida adulta 
    Promover o máximo de independência reduzindo a ajuda do adulto 
    Promover clareza e sinalização do ambiente e tarefas
    Apresentar visualmente instruções 
    Organizar a noção de fim 
    Manter a Rotina com flexibilidade 
    Respeitar a individualidade 
    Ensinar habilidades em situações as mais próximas das naturais.


Contribuições do TEACCH: 
- Favorecer a Generalização 
- Favorecer o Controle do comportamento 
- Estimular e desenvolver  a Atenção 
- Administrar a Sequencialização  
- O TEACCH não visa eliminar o padrão autístico, mas aproveitar o que o autismo provoca na pessoa.


O Método TEACCH também beneficia pessoas que apresentam: 
- Dificuldade na aprendizagem de conceitos 
- Foco excessivo em detalhes 
- Distrabilidade  
- Pensamento concreto 
- Dificuldade na associação de idéias 
- Dificuldade na generalização 
- Impulsividade e ansiedade 
- Anormalidades sensório-perceptuais.


Existem muitos cursos voltados a educadores e pais. Mas observo uma certa  resistência em adotar o método, já que muitos julgam que o mesmo robotiza a criança. A meu ver ,o método organiza o pensamento caótico do autista e o tranquiliza, pois compensa sua incapacidade de prever e de se auto organizar. Pessoas bem treinadas sabem utilizar o método de forma descontraída e sempre trabalhando a flexibilidade.
Um paciente de 12 anos sempre entrava em crise quando a professora faltava e vinha outra substituta. Ele era muito inflexível a qualquer tipo de mudanças, tanto em casa como na escola. E para evitar as "famosas crises", ninguém o contrariava. Mas imprevistos "sempre" acontecem para loucura dos pais e professores.  Inúmeras técnicas foram tentadas em vão. Tentaram explicar a ele antes, pois seu nível de compreensão era bom, mas não adiantava. Tentaram colocar a substituta um tempo com a professora em classe, mas era só a professora sair para ele começar a gritar e se auto agredir. O problema desapareceu quando ele foi treinado para entender e seguir sua rotina através de um "Horário de Atividades" ilustrado com todas as atividades que iriam ser feitas naquele dia, inclusive a falta da professora e a vinda da professora substituta, ou qualquer outra mudança inesperada. Se estava dentro do "Horário" ele aceitava, já que o mesmo fornecia todas as informações do seu dia, independente ou não de mudanças. Sem o "Horário" ele era incapaz de "Prever" se uma mudança na sua rotina afetaria o seu mundo de mesmices.

Exemplo de um "Horário de Atividades Escolares" baseado no Método TEACCH:

Exemplo de atividades adaptadas:



Ao invés de apresentar um quebra-cabeças da forma convencional, apresentar algo mais estruturado e com informação visual sobre o que deve ser feito.

A




Assim fica mais fácil entender o que deve ser feito e evita a possibilidade de erros, que "travam" o autista






Ao invés de simplesmente apresentar os brinquedos e esperar que a criança use de sua criatividade e brinque ...
.





... estruture a brincadeira assim, aproveitando para treinar a transferência, o emparelhamento e a categorização.


                                         Ou assim:


Um jogo da memória pode ser apresentado de uma forma mais estruturada, ao invés da tradicional ,e assim ensinar emparelhamento.


Sinalizar o ambiente é de extrema importância para o autista. Assim ele entende onde deve ir, evitando que se distraia:
 






Evite ordens complexas ou com mais de uma ação ao mesmo tempo. Uma ordem de cada vez: Não diga:  "João, pegue seus lápis de cor e faça a atividade!" Facilite, dê pistas: "João, vá ao armário! Agora abra! Pegue o lápis de cor! Venha para seu lugar! Agora sente-se e pinte o desenho!". Simplifique, ao invés de complicar! Ao invés de dizer: "João, parece que tem formiga no corpo, pare com isso e vá se sentar!", diga apenas: "João, sente-se!". 
Evite usar demasiadamente a palavra "Não". Você pode dizer: "João, ande!" em vez de dizer: "João, não corra!", João, coma com o garfo!" em vez de: "João, não coma com as mãos!". Mostre o que deve ser feito e não o contrário. Não perca tempo precioso tentando ensinar o que não deve ser feito. Mostre o que se espera dele e o que quer que seja feito.

Ajudei? Então comente para que eu possa ajudar mais.


Créditos fotos: Mariza Helena Machado ; Maria Elisa Granchi Fonseca, CEDAP, Pirassununga; APPDA - Lisboa 

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