Ética na Educação Infantil

A ética na Educação 
Infantil

 

Os conflitos são inevitáveis em uma sala de aula ativa, onde ocorre a interação social. O conflito e sua resolução são essenciais na busca de uma convivência cidadã.
Se todos os adultos tivessem a capacidade para resolver conflitos interpessoais, teríamos a paz mundial.
Na teoria construtivista, o conflito é classificado por Piaget em duas formas: intra-individual (dentro do indivíduo) e interindividual (entre indivíduos). 
O conflito intra-individual é uma fonte particular de progresso no desenvolemento cognitivo.
Ele afirmava que o conflito interindividual pode promover o desenvolvimento tanto moral quanto intelectual. Ele oferece um contexto no qual as crianças tornam-se conscientes de que os outros têm sentimentos, ideias e desejos.
Os estudos de Rheta DeVries e Betty Zan nos sugere atitudes gerais para lidar com os conflitos das crianças:

1. Seja calmo e controle suas reações: com a prática é possível que o professor parece calmo em estados de perturbação que as crianças atingem, algumas vezes. É importante transmitir tranquilidade às crianças. Dica: controle sua linguagem corporal, expressões faciais e o tom da voz. As crianças aprenderão a receber essa força tranquila como um apoio na condução das dificuldades.

2. Reconheça que o conflito pertence às crianças: o professor não deve assumir o problema das crianças. Devemos apoiar e facilitar a resolução dos conflitos pelas próprias crianças.

3. Acredite na capacidade das crianças para a solução de seus conflitos: o sucesso depende de acreditar que elas podem solucionar seus conflitos.

Princípios do ensino em situações de conflito:

1. Assuma a responsabilidade pela segurança física das crianças: devemos sempre evitar danos físicos, se possível. Se uma criança está machucando a outra, o professor deve intervir em torno do agressor evitando ferimentos. O professor deve expressar seus sentimentos em relação à situação.

2. Use métodos não-verbais para acalmar as crianças: além de dar uma resposta calma ao conflito das crianças, é bom sentar-se com as crianças, dando-lhes tempo para se recomporem antes de insistir numa conversa.

3. Reconheça / aceite / valide os sentimentos de todas as crianças e suas percepções dos conflitos: as crianças têm o direito de sentir o que sentem. É bom ouvir ambos os lados da história. Após ouvir o que eles têm a dizer, o adulto pode reconhecer os sentimentos específicos.

4. Ajude as crianças a verbalizarem sentimentos e desejos umas às outras e a escutarem o que outras têm a dizer: é importante não tomar partido, mas ajudar cada criança a compreender o ponto de vista de outra, reconhecer os sentimentos de outra criança e sentir empatia. O professor tem um papel importante como mediador, ajudando as crianças a tornarem suas ideias mais claras umas para as outras.

5. Esclareça e declare o problema: após se certificar do problema, o professor deve verbalizá-lo, para que a criança compreenda como a outra vê o que é o problema.

6. Dê uma oportunidade para que as crianças sugiram soluções.

7. Proponha soluções quando as crianças não têm ideias: quando as crianças não conseguem sugerir soluções, o professor deve propor ideias para consideração das crianças.

8. Enalteça o valor do acordo mútuo: o professor deve insistir aobre a importância de empenhar-se em fazer acordos.

9. Ensine procedimentos imparciais para resolver disputas em que a decisão é arbitrária.

10. Quando ambas as crianças perdem o interesse em um conflito, abandone-o.

11. Ajude as crianças a reconhecerem sua responsabilidade em uma situação de conflito: frequentemente, uma criança ofendida contribuiu, de alguma forma, para o conflito. É importante as crianças perceberem seu papel em um mal-entendido.

12. Dê oportunidades para a compensação, se for apropriado: as compensações preparam o terreno para o restabelecimento de uma relação amigável depois que o conflito termina. Se a criança agressora pode fazer algo para que o outro se sinta melhor, então estará menos propensa a levar consigo sentimentos de culpa ou ressentimento.

13. Ajude as crianças a restaurarem o relacionamento, mas não as force a serem insinceras.

14. Encorage as crianças a resolverem seus conflitos por si mesmas: o objetivo a longo prazo é que as crianças sejam capazes de resolver seus conflitos sem a intervenção do professor.


Fonte: "A ética na Educação Infntil", Rheta deVries & Betty Zan, Artmed Editora

Letra feia não é só pressa ou preguiça. Pode ser disgrafia


 

Letra feia não é só pressa ou preguiça. Pode ser disgrafia

Transtorno de aprendizagem afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e números.

Com os cadernos de caligrafia fora de moda nas escolas, a letra ilegível deixou de ser marca registrada apenas de médicos e apressados. Atraídos pelo computadores, crianças e jovens tendem a exercitar pouco a letra cursiva - antes treinada à exaustão nas folhas milimetricamente pautadas. Assim, a hora da escrita pode virar um tormento: tanto para quem escreve quanto para quem lê. Nas crianças em idade de alfabetização, no entanto, a atenção de pais e professores deve ser redobrada. Letra feia no caderno pode não ser apenas falta de jeito com o lápis ou caneta, mas, sim, um transtorno de aprendizagem conhecido como disgrafia, que afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e números. O centro do problema está no sistema nervoso, mais precisamente nos circuitos neurológicos responsáveis pela escrita.
“A disgrafia pura ocorre ainda durante a gestação e já nasce com a criança. Ela não é adquirida”, explica Rubens Wajnsztejn, neurologista especializado em infância e adolescência. De acordo com Marco Antônio Arruda, neurologista do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento, estudos apontam que a disgrafia é mais comum em meninos e é detectada ainda na infância, depois que o processo de alfabetização é consolidado, por volta dos oito ou nove anos. “A disgrafia pode ocorrer em adultos também, mas somente quando ocorre uma lesão, como um derrame, que pode comprometer a coordenação motora de mãos e braços”, afirma o médico. “Mas, nesse caso, já não se trata mais de disgrafia pura”.
Ainda na infância, a dúvida é saber quando a letra ilegível vai além da preguiça ou pressa e deve ser tratada como transtorno. Um teste eficiente é pedir que a criança escreva algumas frases em uma folha sem linhas, conta Raquel Caruso, psicomotricista e coordenadora da Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (Edac). Se o resultado for uma escrita lenta, com letras irregulares, retocadas e fora das margens, é hora de preocupar-se. Além disso, os disgráficos têm dificuldades em organização espacial: daí, a escrita em que as palavras parecem “subir e descer o morro”.
Os sintomas da disgrafia não se referem exclusivamente à escrita. Alguns outros sinais de alerta podem ajudar os pais antes mesmo da alfabetização dos filhos. “Se você leva a criança a uma festa junina, por exemplo, observe se ela tem ritmo para acompanhar as músicas, memória para fixar os passos e atenção aos movimentos”, diz Raquel Caruso. Se observada alguma dificuldade nesse sentido, é hora de estimular a prática de exercícios físicos como correr e nadar, além de brincadeiras como amarelinha, pintura e recorte para estimular a parte motora dos pequenos. A falta dessas atividades pode comprometer o tônus muscular, piorando a já difícil situação dos disgráficos.
Rendimento escolar – É importante ressaltar que a disgrafia não compromete o desenvolvimento intelectual da criança nem é um indicador de que o Q.I. (quociente de inteligência) dela é baixo. Silvana Leporace, coordenadora do serviço de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo, reforça: “Geralmente, os disgráficos são alunos muito inteligentes. A comunicação oral deles é muito boa, mas, na hora de colocar as ideias no papel, eles têm muita dificuldade”, conta.
É esse desdobramento do problema que pode prejudizar o rendimento do aluno. Devido à dificuldade no ato motor, a criança demora mais a realizar algumas atividades, em comparação a seus colegas. É o caso de tarefas simples como copiar a lição da lousa. Outra situação típica: a professora pede que os estudantes redijam um texto, e o disgráfico, envergonhado pela a letra feia, conclui que nem vale a pena escrever. “Isso abala a autoestima da criança”, diz Sônia das Dores Rodrigues, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Diante do obstáculo, ele deixa de aprender.
Sem o treinamento exaustivo da caligrafia, a atenção na escola deve ser redobrada. “Se o treinamento da letra cursiva existe desde cedo, é possível encontrar os disgráficos. Com a prática em desuso, os professores e pais podem confundir digrafia com preguiça”, alerta Marco Antônio Arruda. “Mas a letra feia pode ser treinada e as crianças tidas como preguiçosas têm as habilidades necessárias para escrever bem. Já as digráficas, não: elas não tem habilidade e precisam de tratamento.”
Como tratar – Assim como em outros transtornos de aprendizagem, o tratamento da disgrafia é multidisciplinar e envolve neurologistas, psicopedadogos, fonoaudiólogos e terapeutas. Medicamentos só são indicados quando existem outros transtornos envolvidos, como déficit de atenção (DDA) ou hiperatividade.
Em relação à parte motora, Raquel Caruso, do Edac, afirma que é necessária uma preparação prévia do paciente, com exercícios mais amplos, para depois chegar à escrita. “O ponto principal é trabalhar com o corpo, com exercícios como manusear a argila e massagens, e depois partir para o específico, que é a escrita e outros problemas, como o de memória”, explica. “Vemos apenas o produto final, que é a letra ilegível, mas existe muita coisa por trás disso”. O tratamento pode levar meses e até anos, variando conforme o caso. O objetivo não é atingir a letra bonita, mas, sim, legível. E dar uma forcinha para o processo de aprendizado das crianças
Assim como em outros transtornos de aprendizado, o tratamento da disgrafia é multidisciplinar e envolve neurologistas, psicopedadogos, fonoaudiólogos e terapeutas.

Brincadeiras na infância podem evitar distúrbio na escrita/ Michelly Rosa




"Brincadeiras normais, como correr ou pular, são atividades fundamentais para o desenvolvimento psicomotor da criança"


Letra ilegível, lentidão na escrita e comportamento inquieto podem não significar indisciplina em sala de aula. Trata-se da "disgrafia", um transtorno que afeta forma, ritmo, significado ou até mesmo ordem de sílabas no momento da escrita. Não está ligada a qualquer comprometimento intelectual ou psicológico do indivíduo. É um fato recorrente e deve ser observado pelos educadores.

De acordo com Renata Mousinho, fonoaudióloga e coordenadora do Ambulatório de Transtornos da Língua Escrita, da Faculdade de Medicina da UFRJ, a Disgrafia na verdade pode ser a causa de problemas psicológicos: “Quando a pessoa não consegue acompanhar os colegas de classe em cópias ou ditados, por exemplo, sua auto-estima pode ser atingida”. Apesar disso, o conteúdo da escrita não é influenciado pela disgrafia. “Se as crianças escrevessem através de computadores, por exemplo, não seria possível identificar um caso de disgrafia”, esclarece.

As causas do distúrbio são diversas. Algumas crianças desenvolvem disgrafia com a cobrança excessiva por uma letra perfeita, o que a torna mais lenta. Outras não experimentam atividades psicomotoras o suficiente, ou seja, a coordenação-motora não é estimulada. “Brincadeiras normais, como correr ou pular, são atividades fundamentais para o desenvolvimento psicomotor da criança”, afirma a fonoaudióloga.

Sobre a possibilidade de alguma herança genética contribuir para o problema, Renata afirma que o tema ainda é muito controverso: “Alguns especialistas acreditam que sim, outros não. Depende do caso, a disgrafia pode ser agravada por herança genética ou apenas ser produto do meio”.

Para identificar a Disgrafia, é necessário que as instituições escolares atentem para o problema e se possível tenham o acompanhamento de um fonoaudiólogo a fim de evitar ações que podem agravar o distúrbio. Segundo a coordenadora, exercícios massivos de caligrafia potencializam a disgrafia, por isso a criança com o problema deve ser encaminhada a um fonoaudiólogo e tratada de maneira correta.

Os sintomas são claros: na escrita, o transtorno se manifesta através de movimentos sem coordenação, omissões de letras, sílabas ou palavras, traçados muito fortes ou muito fracos, lentidão, falta de cuidado com cadernos, entre outros. Enquanto na criança, mudanças de comportamento, alterações de postura, problemas emocionais sinalizam o problema.

“A disgrafia pode ser tratada. Porém se identificada muito tarde, ou na fase adulta por exemplo, pode atrapalhar o indivíduo em concursos públicos. Os corretores não avaliam provas ilegíveis”, completa a especialista.

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